Mensagem da Diretora Geral ICM, Irmã Maria Freire da Silva,
na Abertura do Plenário Geral 2021 – dias 19 e 20 de outubro.
Queridas Irmãs, sejamos todas bem-vindas!
Com o tema: Irmãs do Imaculado Coração de Maria em fidelidade à raiz fundacional, no compromisso místico-profético com a vida, o XX Capítulo Geral Ordinário, que representa um Novo Tempo em nossa Congregação e em nossa vida, nos interpela frente às urgências congregacionais como referentes à situação em que vive o povo em nossos países, onde se realiza nossa ação missionária. O Lema: “Saiamos às pressas, a vida clama” (Lc 1,39), nos convoca a contemplar Maria como Mulher da escuta, missionária em saída, para encontrar-se com Isabel e interligar a Antiga Aliança com a Nova Aliança em Jesus Cristo. Maria tinha pressa em anunciar a chegada do Reino de Deus, presente no seu corpo espaço de salvação, o Verbo de Deus encarnado na história, pisando a terra de Nazaré, acolhendo os pobres e formando seu discipulado no Caminho. Pelo batismo somos discípulas missionárias chamadas a viver novas relações na comunhão e na unidade com o mistério trinitário. Na Congregação, isso se dá via: Carisma Espiritualidade e Missão. O contexto congregacional exige sempre mais comprometimento com esses elementos fundantes. Expressos também na coerência, na autenticidade, na empatia, na união, na visão do todo, portanto chamo atenção para os pontos seguintes:
1) O pertencimento – pertencer é a arte de amar, de acolher as consequências desse amor. O pertencimento exige fidelidade, o descentrar-se de si, para viver no corpo congregacional a comunhão e o discernimento com a outra com quem estou caminhando, construindo novas relações desenvolvendo uma inteligência espiritual na resiliência diante das exigências da Congregação, seja institucional, seja missionária. Ser membro é ser parte que junto forma o todo do corpo. O pertencimento nos dá identidade, corresponsabilidade e compromisso. Pertencer é encontrar-se, escutar a outra, interagir com a outra. Como disse Papa Francisco na abertura do processo do Sínodo em 10/10/: “Não insonorizemos o coração, não nos blindemos nas nossas certezas. Escutemo-nos.” Maria foi a mulher do ouvido atento à Palavra de Deus, mulher visceral onde o Verbo se fez carne. Pertencer a Congregação das Irmãs do Coração de Maria nos insere na dinâmica do ouvido, com foco em Jesus Cristo, deixando-se acrisolar pelo Espírito Santo, sopro que dá vida nova nos tornando membros qualificados. É ter a visão do todo integrado e a percepção da unidade. Como afirma o dizer de Paulo: “Com efeito, o corpo é um e, não obstante, tem muitos membros, mas todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, formam um só corpo. Assim acontece também com Cristo. Pois fomos batizados num só Espírito para ser um só corpo…”(1Cor12,12-28).
2) Foco – Sair de mim mesma, do ensimesmamento e resgatar a cada dia, o sentido da minha vida, que se encontra em Deus na adesão à pessoa de Jesus Cristo. Não existe vida Consagrada sem centrar-se em Jesus Cristo. Sou espaço de salvação de acolhida dessa realidade divina. Sou espaço onde a divina Ruah, dinamismo permanente, me impulsiona, onde de minha interioridade sai a força missionária sob o olhar contemplativo de Deus Pai e Mãe no serviço aos pobres, na missão de inserção, na pastoral, nas Unidades de Ensino nas unidades Socioassistenciais, na Rede Um Grito pela Vida na defesa do Meio Ambiente, da nossa querida Amazônia, e em outras Instituições.
3) Testemunho – testemunhar o que vimos e ouvimos, Deus da luz; é o encontro com a verdade que preenche de seu próprio esplendor nossos olhos. É uma experiência místico-profético na ousadia do Espírito Santo. É relevante que a Vida Religiosa Consagrada (VRC) seja instrumento de esperança, testemunho de alegria, numa sociedade insossa. É fundamental contemplar profundamente a realidade com os olhos de Deus. Faz-se necessário o maravilhamento da Consagrada, que com sua vida indica que a beleza de Deus possui uma capacidade fascinante, de onde brota a vocação. Há que se considerar a diversidade como fonte de beleza e aprendizado; encarar os desafios e utilizar a adversidade a nosso favor. Ter espontaneidade de gestos e atitudes, ser espiritualmente inteligente e encontrar pontes de comunhão e participação, focando nas coisas que nos unem, e não naquilo que nos separa, como expressão do Mistério trinitário de Deus.
4) Ser inteligente nesse momento histórico, requer, articular o compromisso missionário em nossos espaços de missão, pondo-nos, como instrumento de Deus consciente de que nossa ação é, e deve ser, uma ação congregacional. Onde uma Irmã está presente aí está a Congregação, elevando-nos à categoria da fraternidade, na proximidade e na compaixão.
O mundo atravessa uma crise de sustentabilidade. Suas atitudes e práticas atuais, centradas apenas em dinheiro, estão devastando o meio ambiente, consumindo recursos finitos, criando desigualdade global. Falta-nos um sentido profundo de objetivos e valores fundamentais, de cuidado com a vida, com a casa comum. Essa crise de significado é a causa principal do estresse na vida pós-moderna e também das doenças e de empobrecimento.
Na sua homilia de abertura do Processo Sinodal, (09.10.2021) o papa Francisco priorizou três verbos: “Encontrar, escutar, discernir”.
a) Peritos na arte do encontro – A VRC deve ser perita em estabelecer pontes de encontros, de solidariedade e de empatia.
b) Escutar com o coração – escutar com o coração significa acolher a voz do Espírito, a sabedoria que vem de Deus e os gemidos dos pobres nesse momento histórico.
c) Discernir para mudar – Encontrar-se, escutar e discernir sobre a Vontade de Deus nessa realidade em que a desigualdade social é assustadora.
Enquanto Congregação somos chamadas a ter pertencimento, a ter foco e testemunhar a vida em Jesus Cristo no coração da Igreja que nos desafia à sinodalidade na comunhão participação e missão. Isso se dá no corpo da Casa Comum, dentro de uma sociedade fragmentada, pandêmica, porém cheia de possibilidades através das organizações defensoras da vida.
No encontro com a palavra de Deus, Maria tornou-se portadora do evento da encarnação, na Busca contínua da Vontade de Deus, a Bem-Aventurada Bárbara Maix foi a mulher que escutou a voz da Divina Ruah, discerniu sobre o Projeto divino em sua vida e encontrou-se com o Crucificado-Ressuscitado sentido de sua vida e missão.
Que este Plenário seja um momento de escuta, encontro, discernimento, memória, reflexão e planejamento. Amemos a Deus-amor, que me faz capaz de amar, que habitando em mim é maior do que meu coração. Que se ainda não encontramos aquele a quem buscamos, tenhamos encontrado o lugar onde buscá-lo. Com isso declaro aberto o Plenário Geral de 2021.
Irmã Maria Freire da Silva
Diretora Geral
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