“Ó céus, dai gritos de alegria, ó terra, regozija-te, os montes rompam em alegres cantos, pois Deus consolou o seu povo…assim diz o Senhor: eis que levantarei a minha mão para as nações, darei um sinal aos povos e eles trarão seu filhos nos seus braços.”(Is 49,13,22)
É o Advento do Senhor. Tempo de um descentrar-se de nós mesmos, para acolher a Boa Nova, deixando-se ensinar por Deus, aprendendo a andar em seus caminhos sob a orientação da Divina Ruah. Estamos iniciando um Tempo Novo, onde as nações são convidadas à alegria, em sintonia com a terra, com o céu que nos abraçam. O Advento é a expressão da fidelidade incansável de Deus na vida e na história de seu povo, em caminho sinodal. Nesse período, a consolação se apresenta como manifestação da mão divina levantada para as nações, transbordando em sua graciosidade, consolando o povo de seu sofrimento. O Advento é Deus chegando de forma nova, criativa e misericordiosa, acolhendo em seus braços, nossos filhos, nossas crianças, nossos jovens e adultos, embalados na musicalidade da justiça e da verdade que se derrama no seio da Casa Comum, convidando à conversão e a solidariedade.
Portanto, acolhamos a Luz divina que desceu entre nós. Para além da música tocada ao som de um violino, elevemo-nos, e abramos as portas de nossos corações, e deixemos o menino divino nos habitar. O Advento se inicia na dinâmica do esperançar do Povo de Deus, em Caminho Sinodal. O Advento é um itinerário de conversão às veredas da justiça e do amor, onde a Divindade se debruça na janela e torna nossa esperança em uma Aurora prateada de Paz, trazendo em sua partitura as notas da justiça no dedilhar do Espírito Santo, numa coreografia ímpar, valsada por Cristo nossa força, numa alegria infinda, direcionada ao Rosto misterioso de Deus Pai e Mãe, firmada com os pés dos pobres e de toda gente que acredita e luta por uma Casa Comum. Com os olhos para o Céu, toquemos com toda força a harpa do nosso ser, numa canção à Trindade, pelo Sim gracioso, comprometido e missionário de Maria, que se tornou espaço do divino.
O início do Período do Advento, se encontra com a conclusão da Assembleia Eclesial latino-americana e caribenha, que nos convoca aderir: “ a presença dos sinais do Reino de Deus, que levam a novos caminhos para ouvir e discernir. O caminho sinodal é um espaço significativo de encontro e abertura para a transformação de estruturas eclesiais e sociais que tornam possível renovar o impulso missionário e os proximidade com os mais pobres e mais excluídos. Vemos com esperança a Vida Religiosa; mulheres e os homens que vivem contra a maré, testemunham a boa notícia do Evangelho, bem como a experiência da piedade popular em nossos povos. A voz do Espírito ressoou no meio do diálogo e discernimento, apontando vários horizontes que inspiram nossa esperança eclesial: a necessidade de trabalhar para um encontro renovado de todos com Jesus Cristo encarnado…” São muitos os desafios para a vivência da sinodalidade, unida à complexidade dos povos latino-americano e caribenho.
Ainda estamos na pandemia que assolou com a morte a vida de tanta gente. No entanto, a esperança nos põe em saída, na partilha e solidariedade com os pobres e com os gemidos da terra em destaque nossa querida Amazônia.
O Advento é por excelência saída, primeiro do próprio Deus no Verbo que se encarna, em seguida a saída de Maria em sua visita a Isabel. Viver esse itinerário, requer romper com as cadeias da morte, das injustiças, das desesperanças, da apatia e do egocentrismo. Exige de nós, alegria na busca permanente da Vontade de Deus, que se concretiza na sua descida no chão dos pequenos e de todos que acolhem a alegria do Evangelho.
Feliz Esperançar para todos/as
Irmã Maria Freire da Silva.
Diretora Geral da Congregação da
Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria