“Maria Madalena saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo e lhes disse: Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o colocaram… eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos” (Jo 20, 2.9).
O Tempo Pascal é pleno de significado para nós, Povo de Deus, seguidores e seguidoras de Jesus. Em comunidade, professamos a Fé no Ressuscitado procurando encontrá-Lo em nosso itinerário de vida.
Na Encarnação celebramos o Verbo que se fez carne, na crucifixão, reconhecemos Jesus Palavra viva, o Servo sofredor, já sem beleza aos olhos do mundo como diz o profeta Isaías: “Pois ele não tinha mais figura humana e sua aparência não era mais a de homem” (Is 52,14). Na Páscoa contemplamos o Cristo, Palavra encarnada, crucificada e agora em seu esplendor e beleza, ressuscitada.
Viver a Palavra no Tempo Pascal é percorrer o mesmo caminho das comunidades cristãs primitivas, chamadas a estar prontas para dar razão de sua esperança (cf. 1Pd 3,15). Contemplemos o caminho de Madalena, Pedro e João. Eles trazem em suas histórias de vida as marcas de um encontro arrebatador com Jesus, por isso frente a triste notícia de que haviam levado o corpo do crucificado, reagem cada um à sua maneira. Maria Madalena vai bem cedo, é a primeira a sentir a ausência, por isso corre para comunicar aos Apóstolos. Pedro e João também correm em direção ao sepulcro, mas nada veem. Até aí, os três “ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos”. Os dois apóstolos retornam para casa, embora se diga que João “viu e acreditou” (Jo 20,8). Maria Madalena é a mulher perseverante que permanece junto ao sepulcro, do lado de fora, chorando, sem saber ainda o que faria para encontrar o corpo do Senhor, seu amado. Eis que ao se inclinar e olhar para dentro e ouve uma voz: “Mulher, por que choras?” Gesto e voz sinalizam que algo inusitado que está por acontecer. Na narrativa do evangelho ela encontra com o Ressuscitado. Jesus a chama pelo nome e, não obstante seu desejo de abraçar e reter o Mestre, obedece ao mandato missionário: Vai dizer aos meus irmãos… ela foi anunciar aos discípulos: “Vi o Senhor” e as coisas que ele lhe disse (Jo 20,16-18).
Neste tempo em que a Igreja vive o processo sinodal, o Tempo Pascal convida-nos a correr, encontrar e anunciar. O ritmo é diferente, mas a meta é comum. Quem crê em Jesus Cristo apressa-se para encontrar e celebrar com os irmãos e irmãs em comunidade; busca ler, conhecer e anunciar a Palavra de Deus; reconhece o Senhor Ressuscitado que chama pelo nome e envia uma vez mais a perseverar na dor como Madalena junto as multidões que choram e renascer no amor como o apóstolo Paulo: “Minha vida presente na carne, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2,20).
Ir. Élida Debastiani – ICM
Mestre em Ciências Bíblicas – Exegese pelo Pontifício Instituto Bíblico
Artigo publicado no Jornal “O Santuário” da Arquidiocese de Santa Maria