Leia a íntegra da mensagem da Irmã Maria Freire da Silva, Diretora Geral, na abertura do Conselho Plenário Geral da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria.
Queridas Irmãs reunidas em Plenário.
Queridas Irmãs reunidas em Plenário.
A SS Trindade iniciou a Obra de Fundação e há de completá-la (Bárbara Maix).
Com o tema: Irmãs do Imaculado Coração de Maria em Fidelidade à raiz fundacional, no compromisso místico-profético com a vida.” e o Lema: “Saiamos às pressas, a vida clama” (ef. Lc 1,39), queremos nos colocar a disposição na escuta que é algo “decisivo”, porque é uma das maiores necessidades experimentadas pelo ser humano: “o desejo ilimitado de ser ouvido” (Francisco); e é exigente, porque não basta qualquer tipo de escuta, é preciso escutar bem, prestando atenção a quem estamos ouvindo, o que estamos ouvindo e como estamos ouvindo a outra para poder dialogar. O diálogo é baseado no poder e no mistério da palavra. Poder de contar a realidade, de dizer a nós mesmos. A palavra é um dos instrumentos mais poderosos de que dispomos para nos expressarmos, para abrir um caminho que exterioriza a nossa interioridade e, obviamente, para comunicar e dialogar. A palavra deve brotar da interioridade e ser portadora da verdade que habita em nós. (Nurya, 2022)
É por isso que a palavra é sempre acompanhada de gestos, olhares, tom de voz, que delineia as emoções que transmitimos, as experiências que pulsam sob os sons e os significados objetivos que são transmitidos, que são assim matizados e enriquecidos. Para que a Palavra seja um verdadeiro mediador de diálogo, será necessário também que ela “nasça da escuta”. O diálogo aparece aqui como um “lugar teológico”. O Ressuscitado está presente “no espaço da palavra compartilhada”, na busca de respostas que não são encontradas e que permanecem como perguntas, na comunicação profunda que conecta duas feridas, no “desespero” causado pela fuga que, através do diálogo, se torna uma “saída” que, por sua vez, no “encontro reparador” se torna um “retorno” à comunidade, à comunhão, e torna-os “testemunhas de esperança”. Carece de um verdadeiro discernimento espiritual na busca de formas concretas de “tomar conta” do mundo.
Vivemos em um mundo que é preciso saber escutar, saber dialogar, saber fazer as pazes. Precisa escutar o grito de milhares de vítimas das guerras insanas, que matam milhares de inocentes para alimentar a vaidade e o despudoramento dos poderosos. A Casa Comum sofre as dores de parto com o descaso e as insanidades dos que se acham donos das nações. Nosso País também sofre as dores de parto nos povos indígenas, nas queimadas criminosas, em milhares de pobres nas ruas das cidades e no campo. Os problemas climáticos que vão assolando o Planeta, gerando enchentes como a que tivemos aqui no Rio Grande do Sul.
Estamos também em sintonia e acompanhando o Sinodo que está nas últimas semanas. Trago a fala do Pe. Radcliffe, onde ressaltou que o processo deve ser conduzido com a liberdade cristă, como ensinada por São Paulo. Pois “nossa missão é pregar e encarnar essa liberdade. A liberdade é a dupla hélice do DNA cristão. Em primeiro lugar, é a liberdade de dizer o que acreditamos e de ouvir sem medo o que os outros dizem, com respeito mútuo. É a liberdade dos filhos de Deus de falar com ousadia, com parrésia (por exemplo, Atos 4,29, Agora, pois, Senhor, considerai as ameaças deles e concedei a vossos servos anunciar vossa palavra com toda a firmeza. É como os discípulos declararam com ousadia as boas novas da Ressurreição em Jerusalém. Por causa dessa liberdade, cada um de nós pode dizer ‘eu’. Não temos o direito de ficar em silêncio”. “Se formos livres apenas para argumentar nossas posições, seremos tentados pela arrogância daqueles que, nas palavras de Henri De Lubac, se veem como “a norma encarnada da ortodoxia”. Não devemos temer a discordância, pois “o Espírito Santo está agindo nela”. Para Radcliffe, a verdadeira liberdade é “pensar, falar e ouvir sem medo”, mas sempre confiando na providência divina, que atua suavemente na história da salvação. É necessário alargar espaço e diálogo. Plenário requer caminharmos juntas e pensarmos juntas, para podermos discernir juntas. É necessário resistir à polarização que nos rodeia, tentando assumir posições extremas que nos distanciam, sufocando a paciência e transformando-a em radicalização violenta para o oposto.
Plenário é tempo de avaliação, estudos e reflexão sobre a vida congregacional. Nessa esperança que não decepciona, lembremos ainda que estamos nos preparando para o grande jubileu de 2025,como “Peregrinos da Esperança”, desejo para todas um Feliz Plenário, pedindo as Bençãos da Trindade Santa em seu dinamismo esplendoroso e criativo. Ο Imaculado Coração de Maria nos oriente no seguimento a Jesus Cristo e a Bem-Aventurada Bárbara Maix interceda por nós. A Divina Ruah sopre sobre nosso Plenário e soe em nossos ouvidos qual é a Vontade de Deus para nós nesse contexto histórico. Assim declaro aberto o Conselho Plenário da Congregação de 2024.
Irma Maria Freire da Silva
Diretora Geral
Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria