Santa Maria Madalena

O mês de julho nos presentea com uma abundância de santos e santas, como também de mártires. Nesse mês, entre tantos santos,  celebramos Santa Maria Madalena,  chamada na liturgia bizantina, “Apóstola dos Apóstolos”, que tem a sua missão de anunciar a ressurreição do Senhor no seu rito apostólico. Festejada no dia 22 de julho, Madalena tornou-se a padroeira de muitas ordens religiosas.

O culto mais antigo é dado a ela dentro da memória pascal. No Oriente, no segundo domingo após a Páscoa, chamado “Domingo” dos miróforos”, (dos aromas) a liturgia recorda Maria Madalena juntamente com as santas Mulheres indo ao sepulcro na manhã do primeiro dia após o sábado(SEBASTIANI, 1992, p. 82). Esse domingo “não está registrado no diário de Egéria, mas parece ter sido suposta, desde o final do século IV, pelas homilias dos Santos: João Crisóstomo e Gregório de Nissa” (SAXER 1966, 1082). É a partir do século III, que a literatura cristã, antiga, presta cada vez mais atenção a Maria Madalena. Hipólito de Roma, em seu comentário sobre o Cântico, propõe insights sobre ela que encontrarão eco e fortuna na tradição posterior. Em particular, Maria é considerada a “apóstola dos apóstolos” que, com os outros “anjos mirras”, compensa com obediência a queda de Eva (Hipol., Cant., 24-25). O paralelo com Eva será retomado em maior profundidade por Gregório de Nissa que afirma ser Madalena a primeira testemunha da Ressurreição, para uma mulher reparar a ruína da desobediência de Eva. Assim, a mulher, fonte do mal como que escuta a serpente e convence a  Adão, torna-se então o princípio da fé em relação aos discípulos e a toda humanidade.

Madalena é considerada uma figura da Igreja quando,  no amanhecer procura o noivo que sai da câmara nupcial do túmulo (Ast. Soph., Hom. VI, no Salmo 5, 1, 18) Desde o início, há diferenças entre o Oriente e o Ocidente, porque o cristianismo ocidental, talvez com base no Evangelho de João, tende a fazer de Maria Madalena uma personagem exemplar e representativa, isolando-a dos outros miróforos. As Igrejas do Oriente, preservam sua memória sobretudo dentro do grupo de portadores de unguento.(perfume)Aos poucos, porém, tanto no Oriente quanto no Ocidente, sua festa de 22 de julho é considerada seu dies natalis. Enquanto na tradição oriental permanece a imagem de Maria Madalena como mirófora (portadora de aromas)  e testemunha da ressurreição, na tradição ocidental a imagem da grande pecadora redimida, a personificação da atração feminina, que se tornou penitente após o encontro com Jesus, se imporá gradualmente (DE BOER 2000, 22; SEBASTIANI, 1992, 48-52). Tertuliano no III século do Cristianismo, a define como uma mulher muito crente que tentou tocar Jesus e Jesus pede para não o tocar. Está em paralelo com a incredulidade,  Tomé, mas, Madalena o faz  por amor; ( cf. Tert., Prax., 25,2 CCL 2, 1195-1196).

Orígenes III séc. já havia antagonizado a identificação, por não perceber que Maria de Betânia (Lc 10, 39), considerada por todos modelo dos contemplativos, pudesse ter tido um passado tão pouco edificante como o do pecador anónimo em Lc 7. As objeções de Orígenes, no entanto, documentam como já no século III a confusão entre as três ou mais mulheres, estava fazendo seu caminho e se imporia alguns séculos depois (SEBASTIANI 1992, p. 85).

Perplexidades semelhantes também serão expressas por Jerônimo em seu comentário sobre Mt 26,7-9, no qual nos exorta a não confundir a mulher que unge Jesus na cabeça com a prostituta que derrama sobre seus pés o precioso perfume do frasco de alabastro. Nesta contribuição à figura de Maria Madalena, será analisada em dois autores quase contemporâneos,  Romano, o Melòde para o Oriente e Gregório Magno para o Ocidente, para ilustrar e reiterar algumas das tendências exegéticas que surgiram a seu respeito. É evidente  a forma como a figura de Madalena é tratada é fortemente influenciada pelo gênero literário das respectivas composições: em Romano e a homilia em Gregório. Renzo Infante trata alguns aspectos a seguir em uma interpretação do sentido da figura de Madalena nos evangelhos e nos Padres da Igreja, vendo-os como elementos tradicionais e originais.

  1. a) Elementos tradicionais

O  Amor.

O primeiro elemento importante é a distinção entre o grupo de mirofore e Maria. Analisa por que somente em João Maria Madalena vai para o sepulcro sozinha. Romano sugere discretamente o motivo: Ela é escolhida por seus colegas de classe pelo amor particular que a liga a Professora: “Ainda era noite, mas seu amor a iluminou” (Rom. Mel.Hino. 4, 40, 3). O amor de Maria Madalena é discretamente referido ao longo do hino. Quando os discípulos voltam para casa após a visita infrutífera no sepulcro, ela permanece em lágrimas inconsoláveis e gostaria de encontrar o corpo do Senhor por apenas um momento para poder banhá-lo não  apenas os pés, como fez a mulher pecadora, mas todo o corpo. E serão as lágrimas de Maria  tocarão o coração de Jesus e o induz a manifestar-se para perguntar-lhe o porquê de tantas lágrimas (Rom. Mel., Hino. 4, 40, 11). É na décima primeira estrofe, no entanto, que ela é explicitada e reiterada o amor ardente de Maria Madalena: inflamada pelo fervor do desejo, pela chama do amor,  “uma jovem donzela gostaria de aprisionar aquele a quem a criação não pode conter… O Criador de todas as coisas, sem censurar o seu ardor, Ele a eleva às coisas divinas, dizendo-lhe: não me detenha, você não deve Considere-me apenas como um mortal… (Rom. Mel., Hino. 4, 40, 11).

É como se Jesus estivesse agindo como uma distração do desejo (VIGNOLO 1994). Sem rejeitar a manifestação do amor de Maria, remete-a a algo maior, convida-a a agarrar outro tipo de presença, diferente da corporal anterior.

Maria – Eva

Em sintonia com a tradição está o pensamento de que o Ressuscitado deve primeiro se manifestar às mulheres para reparar a culpa de alguma forma de Eva (Sev. A., Hom. 77; Leont B., Hom., 1, 3), antes do que a Pedro e João, eles correram para o sepulcro e lamentaram que o Senhor não tivesse se manifestado. Maria convida os dois discípulos que amam o Senhor com verdadeira amar, perseverar e não desanimar. “O que aconteceu, De fato, é por uma disposição divina que as mulheres, primeiro no outono, seria o primeiro a ver o Ressuscitado” (Rom. Mel., Hino. 4,40,6).

Maria Madalena-Apóstola do Esposo

Maria não só é convidada a compreender a divindade de Jesus, como uma presença nova que transcende ao tempo, mas, o próprio Jesus a exortou a proclamar aos discípulos: “Aos filhos do reino que esperam o Ressurreição”, este anúncio alegre. Ela deve correr rápido para fazer soar para seus amigos  medrosos. Escondeu um canto de paz, para acordá-los como se de um sono, de modo que venham ao seu encontro com tochas acesas. O convite para acender as tochas evoca, a parábola das dez virgens em Mt 25,1-13. No entanto, na parábola de Mateus é feita referência a um grito anônimo uma súbita ruptura através da escuridão e um despertar do sono; aqui está Maria enviada por Jesus, para acordar seus amigos adormecidos para que acendam suas tochas e formem a procissão do Noivo.

 b)Elementos originais

            De acordo com a tradição oriental, Romano de modo algum identifica Maria Madalena com a pecadora de Lc 7,36, de quem trata longamente no Hino 21, 1-18 (Rom. Mel., Hino. 3, 21). A única referência ao pecaminoso é encontrado na oitava estrofe em que Maria em frente ao sepulcro, desesperada por não conseguir encontrar Jesus, ela grita com todas as forças lágrimas. E o seu grito incrédulo parece clamar a Jesus e dizer-lhe: que você, que ressuscitou Lázaro no quarto dia, deite-se novamente depois de três dias morto sabe-se lá onde! Ah, se você soubesse para onde foi enterrado para ir, como a pecadora, molhar com minhas lágrimas não só meus pés, mas todos os meus seu corpo e seu sepulcro… (Rom. Mel., Hino. 4, 40, 8).

O paralelo entre Maria Madalena e o pecador é estabelecido unicamente entre as lágrimas de um e as lágrimas do outro, e não identificação entre as duas mulheres. Quatro elementos, no entanto, parecem ser verdadeiramente originais. Dois deles repetem-se na décima quarta estrofe e brotam do toque poético de Romano e sua íntima familiaridade com as Escrituras (Rom. Mel., Hino. 4,40, 14).

Maria, o novo Moisés

 A estrofe começa com a observação da rápida transformação do luto à alegria e à alegria. A referência às mulheres é evidente de Jo 16,21, cuja tristeza  se transforma em alegria tornando-a nova criatura. O motivo de tanta alegria é a contemplação da mesma glória apreciado por Moisés. Maria Madalena, o novo Moisés, viu, sim ela viu, não na montanha, mas no túmulo velado, não pela nuvem, mas por um corpo, o Senhor dos seres incorpóreos e das próprias nuvens (Rom. Mel.Hino. 4, 40, 14). 2. Maria colomba

               Na mesma estrofe, o segundo elemento original se repete. Tais como  uma pomba que, passada a enchente, retorna com um ramo de oliveira no bico para anunciar a Noé e seus filhos a retomada da vida, assim Maria Madalena ela é convidada a tomar Jesus na língua, quase um galho da oliveira, e voe para aqueles que o amam, para anunciar a boa nova da ressurreição e vitória sobre a morte a todos os descendentes de Noé.

  1. Maria trompete

Outro elemento muito original é a comparação entre Maria e a trompete a voz poderosa na décima segunda estrofe (Rom. Mel., Hino. 4, 40, 12). Mais uma vez, a linguagem de Maria Madalena está em questão. Ela deve ir e reunir os discípulos dispersos. A comparação com o trompete com uma voz poderosa e sonora, evoca imediatamente contextos escatológico, especialmente em conexão com o tema do encontro dos irmãos, discípulos dispersos (Cf. Mt 24,31; 1 Cor 15,52; 1 Ts 4,16; É 27:13)11. Maria é convidada a fazer ressoar em seus ouvidos um cântico de paz dos amigos amedrontados e escondidos de Jesus, para despertá-los de seu sono para que possam Deixe-os mover-se, com tochas acesas, para encontrar o noivo O tema da língua com o das tochas acesas poderia evocar também significados ligados à festa cristã de Pentecostes (At 2,1-11), na qual o Espírito é derramado sob a forma de línguas de fogo para significar o anúncio do evangelho a todas as nações.

  1. Maria Cordeiro

            Para Renzo Infante,  em contato muito próximo com o texto do Jo 10 está o paralelo entre Maria e as ovelhas. Depois de ser confundido com o jardineiro, Jesus sabe que Maria reconheceria a sua voz, tal como as ovelhas. Romano diz como um cordeiro sangrando, como o pastor que chama as suas ovelhas uma a uma e elas o seguem, porque “conhecem a sua voz” (Jo 10, 4), Jesus chama-a pelo nome: “Maria”. Reconhecendo isso, Maria acrescenta: Sim, é meu bom pastor que me chama para me contar entre as noventa e nove ovelhas. Atrás dele vejo uma legião de santos, de exércitos de justos; É por isso que eu não pergunto quem está falando comigo, porque eu sei quem é que me chama. É o meu Senhor, que oferece a ressurreição aos homens caídos (Rom. Mel., Hino. 4, 40, 10, cit. Infante, 2006 )

Gregorio Magno compreendeu que Madalena é a mulher de quem Jesus expulsou sete demônios (Mc 16,9; Lc 8, 2), feita para coincidir, por um lado, com o pecador anónimo de Lc 7, por outro com Maria de Betânia, irmã de Marta e Lázaro (Jo 12, 1-8; Lc 10,39). Em sua homilia XXV, comentando o texto evangélico de Jo 20,11-18, ele relaciona o amor e as lágrimas de Maria Madalena no sepulcro com o amor e as lágrimas do pecador arrependido anônimo de Lucas.  Este processo de identificação progressiva continua e, no final da homilia, Gregório funde numa só pessoa a mulher pecadora de Lc 7, 37-39, Maria de Betânia de Lc 10, 39 e Madalena de Jo 20 (XXV, 10). O mesmo ocorre na homilia XXXIII homilia ao comentar  Lucas 7,36-50.

Em João 20,18, Jesus aproxima-se da mulher com infinita ternura: chama-a pelo nome, recria nela a fé e a esperança, purifica a sua busca amorosa. Mas, sobretudo, revela-lhe que o Pai – a quem sempre se referiu como “meu” – é também “teu Pai”, nosso, e que somos irmãos de Jesus e entre nós: “Vá para os meus irmãos” .(card. Martini,1999).

No séc III do Cristianismo, os escritos apócrifos falam da figura de Maria Madalena como grande evangelizadora, aquela que o Senhor enviou para anunciar aos discípulos, que Ele havia ressuscitado. Então Maria levantou-se, cumprimentou a todos e disse aos irmãos: “Não chore, não seja melancólico ou indeciso. Sua graça estará convosco e Eu vos protejo. Antes, louvemos a sua grandeza, pois Ele nos preparou e nos fez homens”. Então eu digo Maria voltou suas mentes para o bem, e eles começaram a discutir sobre as palavras do Salvador. “Pedro disse a Maria: ‘Irmã, sabemos que o Salvador te amou mais do que outras mulheres. Diga-nos as palavras do Salvador de que você se lembra, as palavras que você conhece, não nós; que nem sequer ouvimos.” Maria respondeu e disse: “O que está escondido de você, eu te comunico”.( texto apócrifo séc. III)

Entre as paixões e os poderes para chegar ao lugar espiritual/silencioso, além do tempo, do momento, do eon. Apesar da brevidade e incompletude do que restou, o horizonte parece próximo dos caminhos gnósticos. Escrito para registrar Então a perplexidade dos discípulos é com essa declinação, e Andrea é sua porta-voz. Essa perplexidade torna-se, então, decisiva aversão em Pedro, cujas palavras não são diminuídas sobre a forma de ensinar, como Andrea parece ter feito, mas sobre o fato de ter sido uma mulher que o carregou, provocando lágrimas de Maria.  Mas André respondeu, e disse aos irmãos: “Diga-me o que você acha de quanto ela tem isso. Eu, pelo menos, não acho que o Salvador tenha dito isso. Essas doutrinas, na verdade, são ensinamentos sucessivamente diferentes.” Talvez Ele tenha falado realmente em segredo e não abertamente a uma mulher, sem a gente saber? Todos temos que repensar. Ouvi-lo? Ele colocou isso diante de nós? Então Maria chorou e disse a Pedro: “Pedro, meu irmão, Então, em que você acredita? Você acha que eu inventei isso no meu coração, ou Que eu minto sobre o Salvador?(apócrifo sec. III)

Levi disse: Você é sempre impetuoso, Pietro! Agora eu vejo você atacando-a. Se o Salvador a tornou digna, quem és tu? Sem dúvida, o Salvador a conhecia bem. Por isto amava a ela mais  do que a nós. Deveríamos antes envergonhar-nos, para nos vestir com o homem perfeito, para nos formar como ele tem ordenado e anunciado o evangelho, sem emanar nem uma segunda parte nem um pode dar à luz a si mesmo como um macho, desde que abandone a virtude, enquanto ao contrário será feminina se você quiser ouvir  (Vita di Mosé,)não  outra lei, a não ser o que ele nos disse.

O nome Madalena deriva, pois, do lugar de origem, a cidade de Magdala, do hebraico migdal e do aramaico magadala, que significa torre. Do alto da torre, Maria Madalena viu longe, com a acuidade de visão que se já se constatou e serviu-lhe para escrutar o sepulcro vazio. Ela tinha olhos para ver o que os outros homens e mulheres, confusos, não viam. No Cristianismo Primitivo por ser a mulher que testemunhou por primeiro a Ressurreição é chamada por Hipólito de Roma de Apostolo Apostolarum e é associada a Sulamita a amada do Cântico dos Cânticos.( Sebastiani,1995). O importante é que Maria Madalena é para além da arte, da literatura, filmes,  retrata a beleza de um encontro uma experiência de comunhão, que transforma sua vida de lágrimas em alegria em afirmar: “Vi o Senhor”(Jo 20,18). É a mulher discípula que resgata a beleza do jardim, que acolhe o Ressuscitado no alvorecer da aurora, onde sua maior beleza foi seu amor incondicional a Jesus Cristo. Portanto o perfume com que Cristo é ungido, se refere a sua Ressurreição Cristo nova arvore do paraíso exalando o perfume da divindade e da imortalidade. Foi um ato profético e misericordioso. É relevante compreender Madalena como a primeira missionária , aquela que leva a boa notícia da irmandade universal como consequência da Ressurreição. Madalena é o modelo de mulher comprometida, de resiliência,  autodeterminada, buscando nas origens, o jardim, Aquele é o seu Senhor. É busca, que interroga onde está a verdade, mulher do aroma, mas, mulher da unção perfumada pelo ar da Nova Aurora trazida pelo Ressuscitado. Ela é o novo vaso de alabastro que contém graça e beleza a serviço do Evangelho, na alegria do encontro, agora de maneira nova, voltando ao convívio dos discípulos na esperança que não morre, porque viu o Senhor.

Por:

 


Irmã Maria Freire da Silva.

Diretora Geral Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria.
Bacharel e mestra pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, de São Paulo e doutora em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma, Itália.

 

Bibliografia:
CONGAR, Y. Revelação e experiência do Espírito Santo. Vol. 01, São Paulo, Paulinas, 2005.

Considerações bibliográficas

Cristina Simonelli. Maria di Magdala. Uma genealogia apostólica, https://www.academia.edu/42734069/Maria_di_magdala_Una_genealogia_apostolica, disponível em 20/06/2024.

Renzo Infante. http://saa.uaic.ro/articles/SAA.12.2006.135-150.pdf, disponível em 17.06/2024.

Pedro, Paulo e Maria Madalena. História e lenda dos primeiros seguidores de Jesus Bart D. Ehrman

Wilma Tomás. Maria Madalena: um mito no cristianismo. https://independent.academia.edu/WilmaTommaso?swp=tc-au-15024064em Disponível em: 20.06.2024.

Wilma Steagall de Tommaso. Maria Madalena: História, tradição e lendas, São Paulo,  Paulus,

Sebastiani,1995

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